sexta-feira, fevereiro 02, 2007

IVG... SIM, NÃO, ASSIM-ASSIM E "NIM"

IVG… SIM, NÃO, ASSIM-ASSIM E “NIM”

O jogo das palavras no assunto da IVG é imenso. A seu belo e inconsequente interesse, uma grande parte dos defensores do NÃO, utilizam argumentos sem base social e fora da realidade objectiva que se vive na Sociedade, desde a década de 40. Essa realidade é, sem dúvida, o aborto clandestino que já causou traumas e mortes sem conta, fazendo parte integrante de uma guerra surda e suja, a qual, os defensores do negativo preferem manter, devido a preconceitos morais e religiosos, sendo que, ninguém tem o direito de impor os seus conceitos morais e/ou religiosos, a quem quer que seja.
Com o SIM vencedor, muda-se o Código Penal e, com isso, os defensores do NÃO e do SIM, poderão ter a liberdade de optar conscientemente… se vencer o NÃO, essa liberdade esvai-se e, até os próprios juízes se verão obrigados a mandar prender mulheres… é a humilhação total de quem for apanhado na rede judicial porque, o aborto vai continuar a existir, sem soluções.
Um dos argumentos dos defensores do não é a vida. Assim sendo, errada e constante-
mente argumentam que, o feto, é uma vida que ali está e, por isso, ninguém tem o direito de a negar, comparando-o, maliciosamente, a um bebé recém-nascido ou a uma criança. Se assim fosse, por que razão não têm a coragem e a coerência de defender que, tratando-se de um homicídio como sempre dizem, quem o pratica deve ter uma pena igual a quem mata outrem e, por tal, deve ser condenado a, por exemplo, 18 anos de prisão? E porque não defendem que, o homem ou parceiro, conivente com a decisão de interromper a gravidez, não vá parar à barra do tribunal?
Olhando alguns dos panfletos que, de uma forma anónima, distribuem pelas caixas de correio, aquilo que se constata é do mais baixo nível que se pode imaginar…uma imagem com de uma criança com um belo sorriso, comparando um feto a uma criança com 3 ou 4 anos de vida, aliado ao nonagésimo aniversário da aparição da Senhora de Fátima e com o “inocente” acto comercial de, aproveitar o evento para, vender as simbólicas “máquinas de calcular” orações a que se chama “terços”.É um oportunismo da pior índole que pode existir, como se de uma questão religiosa se tratasse e, a comparação além de demagógica é uma falsa moralidade de quem quer impor os seus próprios valores morais e religiosos aos outros, restringindo a liberdade individual e responsável de cada mulher a quem, dão um rótulo de irresponsável e incapaz de tomar uma decisão tão difícil como é a de, interromper uma gravidez não desejada por motivos que só ao casal ou à mulher dizem respeito.
Cabe perguntar aos falsos moralistas do NÃO, porque razão, a lei há-de julgar como criminosa, uma mulher que interrompe uma gravidez ás 10 semanas e não uma mulher que, pelos motivos previstos na actual lei, interrompa uma gravidez ás 4, 8, 10 ou mais semanas, abrangida pelos pressupostos previstos na actual lei.
Com o SIM ninguém é obrigado a interromper a gravidez mas, tem a liberdade, condicionada, de optar segundo a sua consciência. Com o NÃO ninguém terá a liberdade de optar, ou seja, será forçado a obedecer, cegamente, à imposição do preconceito moral e religioso de, mesmo sem ter a preparação apropriada para tratar um filho… são pessoas que não querem encarar a realidade existente da praga do aborto clandestino, feito sem condições de salubridade a que a mulher deve ter direito.
Com o debate público sobre a IVG, ficámos a saber que, na opinião de parte dos defensores do NÃO, os defensores do SIM, são criminosos, terroristas, irresponsáveis, que as mulheres que praticam a IVG são um bando de néscias e, o país entrará em decadência. Bonito rol de adjectivos desrespeitosos, vindo de quem vem com telhados de vidro e que não apresenta qualquer alternativa para o, actual, flagelo do aborto de “vão de escada”.


Jorge Afonso

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Os defensores do não ao IVG, são aqueles que têm dinheiro para levar as suas mulheres fora do país a abortarem.

Deixo-te a bela intervenção de Natália Correia (que a perdemos já), por quando ainda estava na Assembleia da Republica:

Agora que temos novo referendo sobre a IVG, aí vai o poema de Natália Correia para recordarmos…

João Morgado, Deputado do CDS disse na Assembleia da Republica, no Dia 3 de Abril de 1982, no debate obre a Despenalização do Aborto, assim:

«O acto sexual é para ter filhos»

A resposta de Natália Correia, Deputada, disse como resposta e em poema, o a seguir descrito que fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção!

Foi publicado depois, pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:

“Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -

Uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.”

(Natália Correia - 3 de Abril de 1982)

Daqui, um beijinho

Helena

1:55 da manhã  

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