"CAGÁDA" EM DOIS ACTOS
Não percebo o amor, nem o ostento. Percebo o que é ter alguém a nosso lado, por quem cresce permanentemente a amizade e a admiração. E percebo o que é sentir por ela uma inesgotável vontade de sexo – sim, sexo puro, saciedade, troca de fluidos, orgasmos, as carícias que o envolvem, deleite – confesso, não conheço outro sexo, nem consigo neste incluir o ‘amor’ mas tão só esse fervor animal.
Serei um amante incompleto, eu que não declaro o amor. Eu que apenas sei identificar a afeição e a carnalidade que nos move todos os dias ao encontro do outro. Eu que apenas sei que divido a minha vida com a única pessoa com quem quero, e tenho sexo com a amante que desejo. Nada nisto me transcende. É uma construção com cal e reboco. Uma dualidade simples e quase tangível de afectos e desejo. E isso já eu percebo.
Já do amor, esse que se sussurra, e que se escreve engalanado em versos, o amor que se jura, o amor que se envergonha do estrito prazer carnal, essa abstracção que se agita e que me confunde, dele pouco sei. Sei que tê-lo, ao ‘amor’, como a definição (exigência) de uma relação... é uma incauta maneira de nos tentarmos explicar, e incauto é já querermos explicar-nos - Declamamos algo que é maior que nós, e gritamos a dois esse grito que não tem som, talvez até receosos, como quem teima em lançar para longe o seu fim, lá nesse dia onde a paixão, esse “amor/desejo” de hoje, se acabará por consumir.
Não percebo o ‘amor’, nem preciso dele para exclamar a relação que tenho. Pode ser que ele esteja mesmo aqui. Que o veja entre duas coisas simples, como esta gripe que agora sinto e que bebi dela numa noite de sexo, e esta outra, a satisfação que encontro em mim por poder imaginar que assim a tirei (à gripe) um pouco dela. Entre o desejo e o afecto, o meu amor não consegue ir além disto. Nem corre o risco de um dia o não ser.
II ACTO
Não percebo o Sócrates, nem o admiro. Percebo o que é ter alguém do nosso lado, por quem cresce permanentemente a admiração. E percebo o que é sentir uma inesgotável vontade de criticar – sim, crítica pura, sociedade, troca de ideias, orgasmos partidários e as “carícias” que envolve, o deleite da demagogia - confesso, não conheço outro mecanismo usado pela maioria dos políticos, nem consigo neste incluir o 1º ministro e a sua entrevista de ontem no canal 1.
Serei um político incompleto, eu que não declaro admiração à demagogia. Eu que apenas sei identificar a afeição e a clarividência que nos move todos os dias ao encontro do “outro”. Eu que apenas sei que divido a minha vida política com as pessoas com quem quero, e tenho proximidade e, com o Partido em que milito. Nada nisto me transcende. É uma construção com cal e reboco. Uma dualidade simples e quase tangível de afectos e desejos políticos. E isso já eu percebo.
Já do Sócrates, esse que se sussurra, e que se descreve engalanado em discursos, o “amor” que jura, o ardor que se envergonha do estrito prazer carnal, essa abstracção que se agita e que me confunde, dele pouco sei. Sei que tê-lo, é um grande ardor, acre azia, como a definição (exigência) de uma relação política, já que é 1º ministro... é uma incauta maneira de nos tentarmos explicar, e incauto é já querermos explicar-nos. Declamamos algo que é maior que nós, e gritamos quase todos esse grito que não tem som, talvez até receosos, como quem teima em lançar para longe o seu fim, lá nesse dia onde a paixão política, esse querer de hoje, se acabará por consumir.
Não percebo o Sócrates, nem preciso dele para exclamar a relação que tenho com a política. Pode ser que ele esteja mesmo aqui. Que o veja entre duas coisas simples, como esta gripe que agora sinto e que bebi dela numa noite de intensa actividade partidária, e esta outra, a satisfação que encontro em mim por poder imaginar que assim lhe tirei (à gripe) um pouco dela. Entre o desejo e o afecto, o meu Sócrates não consegue ir além disto. Nem corre o risco de um dia o não ser.
Sócrates, só mesmo o grego... o original!
"F I M"
4 Comments:
"São,sem duvida, de amor, essas palavras de tantas sensacões contraditórias...".Eheheh.
Só amanhã é outro dia...para caminhar na "morte" que se adia...e ir de encontro, à boca que se ergue em carne...
As folhas intensas do amanhã...desenham caminhos estreitos...
no olhar...há o lugar da despedida...estagnada, o morno de uma estufa esquecida, com morangos trincados...
Só amanhã, é outro dia...
na escuridão das nossas lutas...estaremos despidos, presentes, ardentes...
Amanhã...é outro dia...
e o tempo, tem o limite da razão.
Olho Nú,teremos que nos preparar para um duelo,pois nutrimos o mesmo sentimento por este engº de obras feitas :o)
Desejo-lhe, um bom dia
Em 3 palavras diria: "Amas o Socrates". Lol.
Iria mais longe... Que sabemos nós de amor, como se descreve tão nobre sentimento? Como duvidar ou ter a certeza que o amor que eu sinto é igual ou difere do amor que dizes não sentir?
Como se explica a vivência do homem sem afectos? e o amor próprio? Ai o Amor...
Mil poetas, mil amores diferentes!
Amor é...
beijo Dadinha
... car@s comentadores: a política é uma ciência, portanto uma atitude racional.
Quanto ao Sócrates, só admiro o original... o grego! :)
Obrigado por Blog intiresny
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