ASSEMBLEIA MUNICIPAL, UM ANO E TAL…
Após mais de um ano da eleição da actual Assembleia Municipal, é possível tirar algumas conclusões, várias delas de balanço negativo.
A começar pela Sra. Presidente da Mesa da Assembleia Municipal, Regina Bastos, que, definitivamente não se adapta ao lugar que ocupa fazendo uma gestão arbitrária do tempo disponibilizado a cada deputado para usar da palavra. Chegou mesmo a suspender os trabalhos uma vez, mediante o excesso de tempo usado por um deputado e por outra mediante os protestos de outro deputado, ambos da Oposição, por não terem sido aceites os seus requerimentos. Porém, este critério não é universal, sendo mais benevolente com os tempos da Coligação PSD/PP e, até admite linguagem imprópria e insultuosa por parte de poucos deputados da Coligação mesmo fora do seu tempo de intervenção, sem sequer deixar um reparo.
As últimas eleições autárquicas tiveram um resultado inesperado, pois o anterior executivo PS, perdeu a maioria absoluta que detinha, nem com maioria relativa ficou, dando de mão beijada não só essa maioria relativa como também a maioria absoluta à Coligação de Direita! Portanto, tratou-se de uma evolução de 360º: na essência tudo ficou igual!
Cabe agora, analisar se essa “evolução” foi para melhor ou, em que sentido vai. Assim deveria ser já que, é para isso, a mudança, que os eleitores decidem entregar os seus votos a uma alternativa.
Tendo a actual Assembleia Municipal uma maioria absoluta de Direita PSD/PP a seu favor, perdida pelo anterior executivo de maioria absoluta do PS, esperava-se a mudança necessária. Nada disso se passa! Os antagonismos e ambiguidades evidentes na funcionalidade da Coligação “Juntos por Aveiro” são indisfarçáveis devido à falta de estratégia municipal.
Analisando o comportamento das bancadas dos vários Partidos, e começando pela ala direita vemos um PP sem outra estratégia que não seja agarrar-se, com unhas e dentes, à Coligação de que faz parte, com intervenções redondas e, por vezes, arruaceiras.
Mais ao lado, a bancada do PSD, parceiro principal da dita Coligação, a babilónia ideológica é evidente a tangenciar, por vezes, as contradições mais conservadoras e populistas da Direita é uma constante, tanto no interior do Partido como na gestão da coisa pública a começar e a terminar, sempre, pelo Passivo das contas camarárias herdadas do executivo do PS/Aberto Souto. E disto não conseguem sair!
A cabeça primeira a rolar na Coligação, a do segundo secretário da Mesa da Assembleia Municipal (PSD) devido ao “e-mail” enviado a Raul Martins (PS) onde censurava a actuação dos vereadores do CDS/PP, pelos vistos com alguma razão, (que infantilidade política) são demonstrativas do vazio de quem não esperava ganhar as eleições para os órgãos camarários! O tratamento dado pelo executivo ao caso Aveiro Basket, levantado publicamente pelo Bloco de Esquerda, é exemplo da falta de rumo do executivo. Élio Maia, por vezes, sente-se perdido no leito da incompetência de alguns dos seus afáveis companheiros de executivo e, por isso, é o comandante de um barco que mais parece um queijo suíço. Quimera de outros tempos, é aquilo que este executivo faz sentir!?
A seguir, a bicéfala bancada do PS, ainda não tomou rumo certo de maior Partido de Oposição. Comprometida que está na defesa das políticas de Alberto Souto que deixaram um rombo nas finanças da autarquia, perde-se, por vezes, em interesses de índole pessoal e do anterior executivo em vez de seguir um percurso de política de Esquerda que tão necessário é, naquela Assembleia. A discussão da Moção sobre a IVG, apresentada pelo Bloco de Esquerda, é demonstrativa disso mesmo. Apesar do deputado do Bloco ter dito de início que a moção estava aberta a alterações que quisessem introduzir, dando assim abertura política, o PS respondeu, a mais que uma diferente voz o seguinte: o Bloco que altere o conteúdo da moção e depois veremos. Nitidamente, tiveram medo de comprometer-se com a política de Esquerda que só pode ser pelo esclarecimento e pelo SIM. As ambiguidades no PS, infelizmente, são frequentes.
Quanto ao PCP, continua igual a si próprio e como exemplo dou a posição que assumiu perante a moção que atrás comentei…igual à do PS e, portanto, um erro político para quem quer assumir política de Esquerda e diz ser a favor do SIM.
Quanto à bancada do Bloco de Esquerda não vou aqui tecer comentários em causa própria… limito-me, e bem, ao juízo de quem o quiser fazer.
Jorge Afonso