quarta-feira, janeiro 23, 2008

A PISTA DE REMO E O "PEIXE MIÚDO"


NA PISTA DE REMO, PEIXE MIÚDO NÃO SABE NADAR

Uma desgraça nunca vem só… diz o povo. Efectivamente, no banco dos, mal sentados, mais um utente se juntou ao meu caro, circunstancial Pires da Rosa. Sim, no pedestal daqueles que fazem Ágora contra a construção da Pista de Remo. Nada mais nem menos que, o Sr. Presidente da ANAFRE (órgão representante das Freguesias), Armando Vieira, a propósito do pretenso melhoramento da rede viária do município, diz lhe parecer, ser a rede viária mais importante que, a construção da Pista de Remo uma aspiração que os aveirenses, e não só, alimentam há cerca de 50 anos. Obviamente, misturar asfalto com água só pode dar lama e peixe sufocado. Não sabe que, Aveiro deve ter como imagem de marca as actividades náuticas e, para seu gáudio cultural e desportivo, ser um dos campeões em tudo o que à água respeito diz. De facto, Armando Vieira não sabe o que é uma Pista de Remo e aquilo que a envolve… não há meio de acertar uma! Nem como defensor dos Fregueses se vê o que veio de novo e benéfico às Juntas de Freguesia no seu mandato de líder da ANAFRE! Que se veja nada, ou seja, talvez o facto do seu PSD em parceria com o PS estar a aprovar uma lei que, retira o poder aos presidentes das Juntas de votar nos orçamentos camarários, seja a única novidade!
O Sr. Presidente da ANAFRE anda distraído… devia ter-se lembrado da reparação da rede viária aquando da aprovação da construção do estádio para o euro 2004. É que os milhões que se gastaram com aquela desnecessária infra-estrutura, dava para termos uma rede viária de luxo, algumas piscinas, boa rede escolar e uma Pista de Remo com valências diversas; pesca, canoagem, parque de lazer, pistas de BTT, áreas de lazer, recuperação ambiental daquela degradada zona, pista de natação, zona lúdica, benefícios para a moribunda actividade agrícola, garantia de permanência da indústria de celulose, etc, etc.
Tenho, na minha vida, muitos anos a viver o Remo, desde quando nos anos 50, no Rio Novo do Príncipe se realizaram regatas luso brasileiras e campeonatos nacionais, com barcos de madeira, passando pela qualidade de dirigente e lutador pela construção daquela infra-estrutura desportiva que, Aveiro já devia possuir há muitos anos, mau grado os espíritos mesquinhos que fizeram da cidade, até há poucos anos, uma aldeia lagunar e pouco mais. A instalação da universidade veio tirar-lhes o recato sono, tornando a cidade num valioso meio cosmopolita.
Em 2006 visitei várias Pistas de Remo na Europa… França, Holanda, Bélgica, Itália e Espanha. Dessa visita foi elaborado um relatório técnico para facultar à Câmara Municipal de Aveiro conhecimentos sobre a construção e gestão da Pista. Portanto, sei bem daquilo que falo e, nem ao Secretário de Estado, Laurentino Dias reconheço boas capacidades sobre a sua própria decisão de investir na Pista de Montemor… a esse Sr. só digo que, o futuro da Pista de Montemor, vai ser a canoagem em predominância e Remo ocasional, devido há estrutural falta de boas condições para a realização de Provas de Remo nacionais e internacionais. Remadores holandeses e belgas com quem contactei, conhecedores da Pista de Montemor, disseram-me o pior que se pode imaginar daquela Pista e que, no norte da Holanda, na cidade de Groningen, uma Pista de Remo recentemente construída, foi encerrada por ter condições análogas.
Quanto às ultimas declarações, desfavoráveis, do Sr. Presidente da Federação Portuguesa de Remo, relativamente à construção da Pista do rio Novo do príncipe, fica manifestamente sentado no chão… nem direito tem ao banco e/ou pedestal dos nossos conterrâneos. Para o Sr. Rascão Marques fica a seguinte afirmação: - “ o que tu queres, sei euuuuuu!”, ou seja; o problema de Rascão Marques é tão só e unicamente o de saber que, após a entrada em funcionamento da Pista do Rio Príncipe, a “sua” quinta da Pista de Montemor ficará relegada para 2º lugar. E, quanto à grandiosidade do Remo português ser de escala baixa, isso deve-se quase exclusivamente a mentalidades parceiras da do Sr. Presidente da Federação Portuguesa de Remo e Sr. Laurentino Dias que, de Remo, só conhecem o “Remo de ribeira”!
Finalmente, aos dois fazedores de opinião, Pires da Rosa e Armando Vieira deixo este recado: - Procurem, melhor, saber algo mais sobre este assunto e venham cá, a Cacia, que, além de umas gratuitas lições de Remo, vos ensino com a melhor das vontades, os caminhos para o Rio Novo do Príncipe porque, deviam conhecer e estar convictos da necessidade de Aveiro ter Remo como forma de se afirmar por aquilo que a distingue das demais… a cidade da água!

Jorge Afonso
(publicado no "Diário de Aveiro" e "Ecos de Cacia" de 23 de janeirro)

domingo, janeiro 20, 2008

ESTE PAÍS É UM COLOSSO... ESTÁ TUDO "GROSSO"!

quinta-feira, janeiro 17, 2008

AMESTERDÃO, CAPITAL DA HOLANDA

Reparem bem no quotidiano desta cidade. Aveiro podia ser um pouco como esta cidade... água, canais, na face multiracial e, por isso, na sua força cultural.
Para isso, Aveiro, precisa de caminhar no sentido de livrar-se dos espiritos conservadores e provincianos que a têm governado!
Vamos a isso!


quarta-feira, janeiro 16, 2008

A MORTE DO SNS - SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE




Nada mais frustrante que o facto de pagarmos Impostos ao Estado, neste caso para o sistema de saúde e, o próprio Estado fugir aos compromissos assumidos com os pagantes. Assistimos, diariamente, às sucessivas acções governamentais, nacionais e regionais, de destruição de um bem social, adquirido pela luta de evolução civilizacional e, pela riqueza que produzimos senão vejamos. O nosso governo apela ao investimento na região interior, e o que faz como incentivo? Fecha Centros de Saúde e Urgências hospitalares. Apela ao crescimento demográfico e, no entanto, encerra maternidades.
Hoje, a insegurança com que se vai a uma lotada urgência hospitalar, é a mesma com que se circula nas ruas. Começamos a ter um país doente, com aquilo que é neste momento a doença da moda, mas que eu chamo a doença do desconhecimento. As viroses temo-las na protecção civil, e agora, a mais recente, no nosso sistema nacional de saúde (SNS).
Todas estas atitudes do Governo obedecem ao princípio do descartar das suas próprias responsabi- lidades comercializando o Direito fundamental à saúde, ou seja, quem quer saúde paga-a!
Embora Organização Mundial de Saúde (OMS) recomende que exista pelo menos um psiquiatra para cada 25.000 pessoas, de forma a conseguir-se fornecer um serviço mínimo de saúde mental, e face à incidência de doenças mentais que afectam a população, no distrito de Aveiro, apenas o Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, fornece, de forma pública, consulta, tratamento e internamento na área da psiquiatria. Neste Hospital trabalham 9 psiquiatras, o que a nível geral faz com que no distrito de Aveiro existam 9 psiquiatras para 713.000 habitantes, qualquer coisa como 1 psiquiatra para cada 80.000 habitantes, muito acima do rácio proposto pela OMS.
Na escalada de encerramento de mais urgências nocturnas, recentemente, em Anadia decorreram vigílias contra o encerramento consumado, até porque, este Serviço de Urgência foi planeado para ser um serviço completamente novo e que, teve há cerca de três anos, uma nova sala de tratamentos e a radiologia foi totalmente equipada em Setembro. Foram gastos um milhão de euros em equipamento que, irá ficar a apodrecer. A consequência, imediata será a população de Anadia dispor de uma mera consulta garantida por pessoal sem experiência de rotina hospitalar".
Entretanto, ainda não satisfeito, o Governo publicou em portaria os aumentos das taxas moderadoras na saúde. Nas urgências hospitalares vai pagar-se mais 4%, quase o dobro da inflação prevista (2,1%).
Assim, o acesso às urgências centrais passa a custar 9,20 euros, mais 45 cêntimos do que em 2007. Anexa à portaria do Diário da República, a tabela prevê o custo de 8,20 euros para o acesso às urgências em hospital distrital e 3,60 cêntimos para consulta não marcada em centro de saúde. As taxas moderadoras para internamentos de curta duração passam a custar 5,10 euros por dia de internamento nos primeiros dez dias, enquanto as taxas para cirurgia em ambulatório custam 10,20 euros.
De tal modo o estado do SNS está doente que, o próprio socialista António Arnaut, fundador dor Serviço Nacional de Saúde, o deputado Manuel Alegre, entre outros, são os primeiros signatários de uma petição dirigida à Assembleia da República para defesa do SNS. António Arnaut, não poupa críticas à política do ministro da Saúde, que classifica de "ultraliberal". 30 anos depois de ter criado a lei que instituiu o SNS, Arnaut olha para o rumo actual da política de saúde com grande insatisfação, e vê nela uma "política de terra queimada: estamos perante um ultraliberalismo sem regras e à solta".
"Não podemos consentir que se retirem os cuidados de saúde a uma população já sacrificada pelo desemprego, disse o "pai" do SNS, que quer ver a petição discutida na Assembleia da República. E já antevê a reacção dos deputados socialistas, que serão obrigados "a pôr as cartas na mesa. Se não quer mudar de nome, [o PS] tem de defender certos valores que fazem parte da sua matriz", diz António Arnaut, que também lamenta que "poucas vozes se levantem em defesa da maior conquista social do século XX português". Somos dirigidos por um ministro que, apesar dos pretensos créditos técnicos, nem a sua permanência na OMS conseguiu manter!
Este Governo precisava de ter a ASAE à perna para, obviamente, ser rapidamente encerrado!
Assim, Sócrates vai dizendo ao ministro: “Porreiro Pá... Obrigado, Correia de Campos!".

Jorge Afonso
(publicado no "Diário de Aveiro de 16/1/2008)


domingo, janeiro 06, 2008

LIÇÃO TÉCNICA DE PORTUGUÊS






Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.
Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.


Fernanda Braga da Cruz

quarta-feira, janeiro 02, 2008

PARA QUÊ MUDAR O ALGARISMO SE TUDO VAI SER IGUAL OU PIOR!?